Não fumo, não bebo, nem como carne vermelha, mas tenho cá meus vícios: gosto de bons perfumes, bons cremes e bons livros. Devo admitir que não são vícios muito baratos, mas para quem não liga pra carro do ano, celular top de linha nem roupas de griffe, constituem um caprichozinho aceitável, não acham?
Esse blablablá aí tem a ver com a imensidão de livros em que me vi envolvida nos últimos trinta dias. É que, na iminência de mudar de uma casa espaçosa para um apertamento, tive que decidir que destino dar às centenas de livros que dormiam (a maioria), pachorrentos, nas empoeiradas prateleiras. Não tenho a menor noção do número exato de volumes. Sei apenas que ocupavam duas paredes de dois metros e meio cada, com prateleiras até o teto. E já havia aquela (des)organização caótica, com uns por cima dos outros.
As estantes, claro, estão em meu escritório, lugar onde passo a maior parte do tempo quando estou em casa. Por isso adquiri uma intimidade quase promíscua com esses livros: os “de trabalho”, aos quais dava mais carinho; os presenteados, que me lembravam como é bom ter amigos; os herdados de um tio intelectual, publicações sobre temas variados em português, francês e espanhol. Ao longo de mais de vinte anos fui acumulando, orgulhosa, esse patrimônio. Algum dia, quando me aposentar, ainda hei de ler aquele ali, pensava, enquanto me espreguiçava na cadeira em frente ao computador, olhando distraidamente para algum título interessante. A necessária mudança de casa fez cair a ficha: a separação era inevitável.
Fui baixando pouco a pouco os livros das estantes, separando e guardando em caixas de papelão. Uma grande número agora faz parte de uma biblioteca comunitária, outros foram doados a ex-alunos de Letras, uns poucos foram parar num sebo. Ainda há alguns didáticos esperando para serem adotados. Fiz a coisa certa, livro tem mais é que circular. Que estupidez a minha guardar egoisticamente tantas obras que poderiam estar abrindo corações e mentes! Apesar da canseira do trabalho, tenho que confessar que me deu enorme prazer reencontrar algumas dessas parceiras e manuseá-las antes de me despedir delas para sempre. Uma agradável surpresa foi recuperar um livro adquirido em maio de 1988, do qual gosto muito. Intitula-se ZOOILÓGICO e é uma coletânea de minicontos fantásticos escritos por Marina Colasanti (adoro o que ela escreve). E para comemorar esse reencontro, transcrevo um dos textos do livro (o desenho aí ao lado é do grande Ziraldo, patrimônio nacional).
Educação
Durante algum tempo tentou ensiná-lo a fazer pipi no lugar certo. Esfregava-lhe o nariz na poça amarela, batia com o jornal, e duas vezes por dia o levava a passear. Mas o homem relutava em aprender. E o cachorro não teve outro remédio senão mantê-lo para sempre trancado no banheiro.
P.S. Ah, ia esquecendo de dizer que um outro vício meu é beber bons vinhos na companhia de bons amigos. Aí a gente solta a língua e conta mais histórias....
Simplesmente...ARRASOU PARIS EM CHAMAS com o blog baby! Amei este último post! Já pode por uns detalhezinhos mais romanticos e fazer um conto! UM SUCESSO!
ResponderExcluirBEIJOS!
Olá Regina,
ResponderExcluiressa idéia de blog é relamente muito boa! bacana ler seus textos e passear com você nas andanças pelo chile e agora dentro da sua casa, no seu escritório.
Um percurso do público para dentro de casa... veja só como somos né...
Digo isso porque também mantenho um blog (junto com meu marido) e estamos muito envolvidos com ele, trata-se da minha viagem prá Roma e da vida que meu marido continua levando em Vitória, por isso deixo aqui, se quiser passear por outros cantos.... http://www.vitoria-roma.blogspot.com
um beijo e parabéns..
Adriana Magro
Olá, Regina.
ResponderExcluirO blog tá bem legal, viu?
Acho bacana fazer girar as ideias, e você tem feito isso não só aqui, mas também com a importantíssima circulação dos livros.
Só tenho a agradecer e pretendo virar figura constante no blog.
Um abraço.
Confesso que fiquei pensando se um dia terei de fazer o mesmo com os meus livros. São todos "tão" meus... mas ainda bem que esse dia está longe ainda. Por enquanto, os meus ainda cabem no meu quarto. Hehe... de qualquer forma, parece que é o melhor a ser feito. Deixá-los guardados e empoeirados desencanta. E por falar em vício, o tempo tá ótimo para um bom vinho. Vamos aproveitar...
ResponderExcluirTambém acho que livro tem que circular, aliás, tudo tem que circular. Por isso, a cada trimestre faço uma varredura pelas minhas humildes estantes e me pergunto: vou precisar desse livro ainda? Tem algo de importante pra mim? Se a resposta for negativa, vai para o balaio de doações -- ou melhor vendas! Vendo tudo por preços módicos na Estante Virtual.
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