quarta-feira, abril 15


ELE, O CORONA




Não poderia voltar neste momento sem mencionar o assunto que está na ordem do dia: o vírus corona, uma mutação viral que teve início na província de Wuhan, na China, e se espalhou como pandemia por todo o mundo.  Quando eu iria imaginar que a ameaça desse vírus provocaria reações inimagináveis por parte dos governos, como isolamento social, quarentena, grupos de risco impedidos de circular, uso compulsório de máscaras cirúrgicas e luvas, etc? Ainda não existe vacina para combater a doença e os medicamentos estão ainda em fase experimental. Como era de esperar, há exageros de ambas as partes, governantes e comandados,uns abusando de seu poder, outros recusando-se a cumprir orientações.  Enquanto uma parte dos brasileiros está apavorada com as consequências funestas da pandemia na vida social e econômica e não se conforma em ficar sem trabalhar para ganhar o seu sustento, outra parte está trancada em casa, apavorada com a possibilidade de pegar a covid 19 e vir a óbito.  Por sua vez, há uma disputa política entre a mídia, principalmente a Rede Globo, e o governo central. Reina um ambiente de medo e polêmica, a população não sabe em quem acreditar pois os dados são falseados. O fato é que, depois que tudo isto passar, o Brasil nunca mais será o mesmo.



VOLTEI.  ATÉ QUANDO?

Nove anos depois, retomo este blog. Não me pergunte por que razão o abandonei, nem por que retorno agora.  Talvez a necessidade de me dedicar mais à minha formação profissional, de cursar um doutorado (que iniciei no ano seguinte), de fazer algo mais produtivo (que mania de utilitarismo, gente!)... Relendo alguns textos, não considero ruim o produto final.  Agora eu sei o quanto me ajudou aquele exercício diário de conversar com um leitor imaginário, um leitor que talvez nem tenha existido. Era, literalmente, uma válvula de escape, uma tentativa de não me fechar sobre mim mesma, de dizer para o outro “ei, estou aqui, quero conversar com você”. Nove anos depois, os tempos são bem outros.  Valerá à pena insistir na mesma estratégia? Bem, não custa nada tentar, vamos ver se emplaca.

quarta-feira, fevereiro 23

Miraflores, o queridinho dos turistas

Por esta foto, dá para se ter uma ideia da localização do distrito de Miraflores...

... e suas áreas verdes

O edifício da Prefeitura, típica construção em estilo colonial


A província de Lima está dividida não em bairros, mas em distritos, cada qual com sua administração particular. São 43 distritos ao todo, entre os quais Miraflores se destaca por seu grande movimento comercial, cultural e turístico. Aí estão os melhores hotéis, cassinos, restaurantes, comércio elegante e diversões. San Isidro é o centro financeiro e residencial das pessoas de melhor poder aquisitivo, onde estão também as embaixadas e se paga o metro quadrado mais caro da capital. Esses dois distritos são próximos, têm segurança, ruas limpas e ajardinadas, prédios modernos e muitos parques.
Miraflores, em particular, apresenta uma característica que o torna mais interessante: é edificado sobre uma imensa falésia. Lá embaixo, imponente, o Pacífico. Nesta época acontece um fenômeno curioso. Como é verão, a temperatura média é 23 graus, mas as águas do Pacífico são bem mais frias, e então ocorre certa condensação e se forma uma névoa pela manhã. A tendência é que por volta de meio-dia esta se dissipe e o sol volte a brilhar em Miraflores.
Apesar da grande umidade do ar, Lima é conhecida como a cidade em que nunca chove. As chuvas acontecem apenas na selva e na serra andina, por isso a névoa não chega a assustar. Ainda assim, há grande quantidade de espaços verdes por todo o distrito de Miraflores.

sábado, fevereiro 19

Centro Histórico do Distrito de Lima

O Centro Histórico de Lima é Patrimônio Histórico da Unesco desde 1988. A parte mais importante é a Plaza de Armas, onde está o Palácio do Governo, a Catedral, a Municipalidade e outros prédios públicos. Os balcões escuros são detalhes típicos da colonização espanhola. Algumas fotos a seguir.
















É como ir a Roma e não ver o Papa

Lima - Palácio do Governo


Como a grana anda curta e não tenho cartão corporativo do governo, o jeito foi programar uma viagem pelo continente mesmo. Queria ir a um lugar ainda desconhecido. Uma pesquisa na internet rapidamente me ajudou a definir o destino: Lima, Peru. Explico: todas as capitais dos outros países - Venezuela, Colômbia, Bolívia, Equador e Guianas - estão situadas entre 2650 e 3700m de altitude. Como assim, vai dizer que Lima também não está no alto? Por incrível que pareça, está no nível do mar. Cuzco, sim, está a 3400m de altitude. O Peru está dividido em três regiões distintas: a costeira, a selva amazônica e a serra andina. Por sorte Lima fica na costa. Assim, me tornei uma espécie rara de turista: fui ao Peru e não conheci Cuzco nem Machu Picchu. E devo confessar aqui ao pé de ouvido: também não provei o PISCO, a aguardente que é orgulho nacional. E chá de coca, bem, não foi preciso.


Tenho razões suficientes para não suportar altas altitudes. Fiquei meio traumatizada depois de uma viagem à Cidade do México, há uns dez anos. E olha o México D.F. só está a 2265m acima do nível do mar. Mas nos cinco primeiros dias não conseguia andar nem respirar, parecia que ia desmaiar a todo momento. Por isso lamento, mas os demais hermanitos do continente só vão ter o prazer de receber minha visita talvez na próxima encarnação.


Acreditem: foi muito divertido interagir em portunhol e às vezes ter que repetir duas vezes o texto para ser entendida. Da mesma forma, foram prazerosas as descobertas, o contato humano e a intimidade com uma cultura tão diversa, mas tão próxima da nossa latinidade.

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sábado, fevereiro 5

Quem mexeu no meu queijo? Argh!




Você tem incompatibilidade com alguma espécie de alimento? Daqueles que, mal você chega perto, seu estômago dá duas voltas e pede pra sair correndo pra bem longe? No meu caso, tenho vários, alguns mais suportáveis que outros, mas o tal do queijo... argh! Esse, desde que me entendo por gente, não suporto farejar puro nem misturado. Prato, mozzarella, parmezon, catupiry, requeijão, enfim qualquer tipo, sofisticado ou não, não desce goela abaixo, me dá engulhos. A tal da manteiga também entra no mesmo pacote.Tudo bem, substituo esses laticínios por outros produtos e fica tudo certo. Mas já notaram que o mundo cada vez mais toma partido daqueles que gostam do sabor de queijo e padroniza os alimentos, deixando os que não o suportam sem opção? Nas pizarias, por exemplo, explicar ao garçon que quero a número 12 com tudo o que está ali descrito exceto a mozzarella é uma dificuldade. Como a senhora não vai querer o queijo, é a melhor parte. Na lanchonete, a variedade de salgados é grande: enroladinho de presunto e queijo, coxinha com catupiry, pão de queijo, croquete de milho com catupiry, esfirra de carne com queijo, pastel de carne e de queijo... e assim por diante, tudo com o mesmo sabor (horrível) de queijo. Hoje, como faço todo sábado, fui à Monte Líbano, indiscutivelmente a melhor padaria das redondezas. E criei expectativas: quem sabe encontraria uma torta salgada de frango ou palmito, algo saboroso que aplacasse uma fome de coisa gostosa, sabe como é, não? Uma olhada rápida nas prateleiras logo destruiu meus desejos. Chamei a gerente, na tentativa de convencê-la a preparar produtos para não-queijeiros. Ela disse que, infelizmente, a maioria gosta dos produtos, eu é que sou a exceção. Mas eu poderia escolher entre vários tipos de pão de sal e doces, e também bolos, biscoitos e docinhos. Que belo consolo! Vocês acham justo que eu seja privada de tantas delícias compulsoriamente? Sei de outras pessoas que têm restrição alimentar e também não podem comer queijo, sal ou açúcar ou glúten. Quem se importa conosco?

terça-feira, janeiro 25

Viajar é preciso, viver também é preciso...

Apreciar paisagens e sabores desconhecidos, entrar na intimidade de outra cultura, conhecer pessoas e aprender com as diferenças. Viajar é muito bom. Quando temos que usar uma língua diferente da materna para nos comunicar, então, é excitante. Por isso quando vai chegando a metade do mês de janeiro, começo a imaginar onde o bolso pode me levar para o descanso da guerreira. O simples fato de pensar num período, por menor que seja, fora de casa e do trabalho, sem compromisso com nada além do lazer e do divertimento, já faz acender uma luzinha verde. Quem não gosta de férias? Já houve um tempo no Brasil em que os trabalhadores podiam “vender” metade de suas férias, a lei permitia. Com isso, folgavam 15 dias e trabalhavam os outros 15, recebendo o equivalente em dinheiro. Demoraram para aprender a importância do lazer na recuperação do desgaste físico e psíquico provocado por 40 horas semanais de trabalho. Não me recordo se cheguei alguma vez a fazer essa bobagem, movida, como todos, pela necessidade de dinheiro extra. Mas agora não trocaria dias de descanso nem pelo dobro do salário. Vai daí que estou vivendo o frisson do planejamento da minha viagem de férias. Pesquisa pela internet para elaborar roteiro turístico, reserva de voo, procura de hotel, a ansiedade renovada. Uma vez mais, vou por lugares nunca dantes navegados. O destino não conto agora, só pra atiçar a curiosidade da minha meia dúzia de leitores. Quem tem um palpite aí, levanta a mão.

quarta-feira, janeiro 19

CHULEPA

A arte imita a vida? Muitos apostam que é exatamente o contrário, a vida é que imita a arte, daí a polêmica provocada por Passione, novela de Silvio de Abreu que terminou na semana passada. As opiniões divergentes têm a ver com as relações familiares e os relacionamentos amorosos que rolaram na telinha. Alguns telespectadores acham que o autor errou na dose, que a novela pode estimular a dissolução dos costumes. Já outros alegam que tudo o que aparece na novela existe na vida real. Não me interessa aqui entrar no mérito dessa discussão. Nem analisar a trama, as personagens e muito menos a atuação dos atores. Quero comentar apenas a questão linguística da história. No início houve reclamação de muitos telespectadores que não entendiam lhufas do portuliano que o núcleo italiano usava o para se comunicar. Silvio de Abreu recheava as falas dos camponeses toscanos com inúmeros palavrões. Uma amiga italiana estranhou a vulgaridade dessas falas, com tantas “palavras pesadas”, ao que respondi que não tinha nenhuma importância, já que era reduzido o número de brasileiros que estavam entendendo. Mas o autor se esmerou mesmo foi na escolha dos nomes dados às personagens. Dos que vieram da Toscana, destaco Totò, diminutivo de Antônio, mas que no Brasil é nome de cachorro. Causou certa estranheza. Na mesma linha, havia Mimi, apelido dado a Carmelo, que na nossa cultura é nome de bichano. Depois tinha a matriarca Gemma, que implicava continuamente com a schifosa Chiara, faltando pouco pra essa antipatia virar uma bela omelete (desculpem, não resisti!). Os filhos de Totò, todos com nomes iniciados pela letra A, também foram alvo das brincadeiras de Silvio de Abreu. Vamos conferir: Adamo (Adão, em português), primeiro filho (homem), significa amante ardente (com aquela cara?); Agnelo não é nome de gente na Itália; designa o animal cordeiro. Tomado como metáfora, contradiz o comportamento rebelde do rapaz; Alfredo significa conselheiro, pessoa sempre disposta a ajudar amigos e resolver problemas íntimos, o que se encaixa perfeitamente no temperamento do caçula dos Mattoli ; por fim, Agostina, que deve significar nascida no mês de agosto, para nós, mês do desgosto (desgosto por ter que dividir o marido com outra mulher?). Ah, sim, o bígamo Berillo (a designação existe em português: Berilo é o nome de um mineral, amálgama de silicato de berílio e alumínio, de grande dureza e resistência... Tem a ver?).

Mas não são apenas os nomes dos italianos que revelam trocadilhos. No núcleo pobre a brincadeira está em Felícia (=feliz, boa, generosa) e sua filha Fátima (=pessoa que sabe ouvir a intuição e não se prende a regras ultrapassadas). Entre os emergentes não poderia faltar uma família Silva, como que reforçando a tese de que um pobre pode “chegar lá”, seja reciclando lixo – Olavo (=sobrevivente) da Silva – ou com um golpe de sorte – Fortunato (= sortudo) da Silva (ou, quem sabe, como torneiro mecânico?). Outras análises poderão, talvez, descobrir novas relações significado/personalidade, mas um nome em especial me despertou curiosidade -- o do namorado da patricinha Lorena Gouveia, a qual perdeu Agnelo para a mãe. Como prêmio de consolação (eu disse prêmio?), recebeu um rapaz sem nome nem sobrenome, conhecido apenas como Chulepa. Essa charada eu não matei. Alguém aí pode me explicar o que isso quer dizer?

domingo, janeiro 16

PÕE MEIA DÚZIA DE BRAHMA PRA GELAR, QUE EU TÔ VOLTANDO...

BASTA! Quase cinco meses fora do ar! Parou por quê, por que parou? me perguntou outro dia um leitor. Deixou de pensar ou é preguiça mesmo? Acho que esses altos e baixos acontecem nas melhores famílias de blogueiros, mas talvez o Twitter tenha alguma culpa no cartório. Depois dele, nos habituamos a pensar que a rapidez dos 140 dígitos é suficiente para a comunicação e mais que isso é perda de tempo. Pensamento equivocado, claro. Mas a bem da verdade devo dizer que a campanha política me sugou grande parte das energias e me perdi nas tuitadas porque era lá mesmo que a discussão acontecia. Depois veio outra coisa, mais outra e larguei mão. Mas a cada dia que olhava o nome do blog nos favoritos, a consciência pesava: vinha a lembrança da promessa feita ao inaugurá-lo, que era resistir a mil e uma noites, como Sherazade. Por isso digo ao povo que VOLTO. E bato ponto pelo menos uma vez por semana. Não falarei das enchentes que devastaram a linda região serrana do Rio e regiões de São Paulo e Minas Gerais em particular. As imagens dessa tragédia falam por si sós e dispensam comentários. Não esperem tampouco que eu comente o deplorável BBB, aí seria preferível me calar para sempre. A respeito de Passisone, porém, com sua serial Killer que pôs todo mundo no bolso – parentes, comparsas, polícia e justiça - gostaria de dizer algumas palavras. Mas isso é assunto para o próximo capítulo. Me aguardem.

segunda-feira, setembro 20

Sarah salvação



Sarah diz que gosta. Eu gosto que Sarah goste.
Sarah ri com as bobagens. Eu gosto de fazer Sarah rir.
Sarah lê, opina, faz piada. Eu adoro receber comentário de Sarah.
Sarah sara minhas dores e alegra minha tristeza.
Um escriba sem leitores tem utilidade não.
Então seria Sarah minha salvação?