segunda-feira, março 16

O Corcovado deles

Imagine uma colina não muito alta (cerca de 880 metros) e larga, com jardins bem cuidados, grama pra deitar e rolar, e equipamentos diversos: é o cerro San Cristóbal, situado no bairro Bellavista, região onde se concentram os restaurantes, danceterias, bares, enfim, a zona boêmia da cidade. Um espaço incrível para o lazer dos chilenos, principalmente nos dias secos de verão. Ali se encontram desde um observatório astronômico e um zoológico, até uma imensa piscina pública, parquinho para crianças, bares e restaurantes. O cerro San Cristóbal forma com duas outras montanhas o Parque Metropolitano de Santiago, “um dos maiores parques urbanos do mundo”, com mais de 700 hectares de extensão ( tio Google recuperou minhas aulas de matemática que ficaram lá nas calendas, explicando que 1 hectare corresponde a 10 mil metros quadrados. Fez as contas?) . Os mais observadores devem estar se perguntando a razão das aspas aí de trás. Explico: antes de chegar ao Chile, pensava que isso de ressaltar as características gigantescas de tudo era coisa de brasileiro. Mas não. Vocês precisam ouvir o discurso ensaiadinho dos guias: o Atacama, “o deserto mais alto e mais árido do mundo”, a Escondida de Antofogasta, “a maior mina de cobre do mundo”, e por aí vai. Dão de 10 a zero em nós, ehehehehe.

Bem, a diversão maior do San Cristóbal é que o acesso às partes mais altas é feita por funicular e por teleférico. Socorro! Rezei 3 ave-marias e encarei. Subi de funicular, uma estradinha íngreme cercada de mata. Deu pra disfarçar o medo porque o carrinho levava muitas outras pessoas. Na primeira estação, pode-se desembarcar, passear, se refrescar e voltar para a segunda etapa quando quiser. Na volta é só pegar o funicular de novo. OU.... descer por um outro lado de teleférico. Acreditem, esta que vos fala teve que fazer um esforço enorme para aceitar. Detesto tudo que mexe com meu equilíbrio, de rede a roda-gigante, não vou a parque de diversões nem pra ganhar dinheiro... Pois eu me pendurei sozinha num bondinho, que ia pra lá e pra cá, balançando conforme o vento. Quer saber, cinco minutos depois já tinha relaxado e pude, então, apreciar a paisagem, com os Andes (sem neve) servindo de moldura.















Num dos pontos mais altos da colina fica localizada uma imagem da Imaculada Conceição,uma espécie de Corcovado deles lá. Confesso que fiquei olhando cá de baixo, sem fôlego para enfrentar tantos degraus com o sol de derreter asfalto. Acho que a Santa entendeu minhas razões e me abençoou da mesma maneira. Pelo menos entrei na capelinha e pedi. Nossa Senhora da Conceição pode ser vista de vários pontos da cidade, é a principal referência para os santiagueños (acabei de inventar, não sei se é assim que se chama o nascido na capital chilena).



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Fiquei caminhando por ali sem pressa, esqueci do relógio e dos problemas que tinham ficado no Brasil em ritmo de espera, conversei com uma família chilena que ficou curiosa com aquela mulher “cheia de ouro” (me aconselharam a retirar as argolas e o cordãozinho que levava, alegando que poderiam atrair ladrões .
Aliás, pelo menos três pessoas, em momentos e locais diferentes, me aconselharam o mesmo. Huuummmm já ouvi esta história em algum lugar... Seria excesso de zelo?)
O fato é que, apesar de ter que superar o medo de balançar nas alturas , passei uma tarde serena ali naquela colina, respirando ar puro e gravando em minha memória sensorial paisagens tão diferentes das brasileiras, mas nem por isso menos aconchegantes. I-nes-que-cí-vel !









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