sábado, março 7

La Moneda para turistas




A primeira coisa que quis ver na cidade foi o Palácio de la Moneda, palco dos acontecimentos de 73. Era domingo, o comércio estava fechado e eu precisava trocar dinheiro, não deu pra ser no aeroporto, o motorista da van já estava aflito segurando a tabuleta com meu nome, e eu, doida pra desabar por alguns momentos numa confortável cama de hotel. Sem pesos, não poderia ir a lugar nenhum. Então recebi a informação de que talvez num mall que havia ali perto ( pertinho: umas oito quadras do hotel) a casa de câmbio talvez estivesse aberta. Que jeito, senão arriscar? Foi assim que fiz minha estréia na cidade, caminhando 8 quadras com o maior sol na moleira e um palmo de língua pra fora. UFA! Se a casa de câmbio estava aberta? FE-LIZ-MEN-TE siiim. Com os primeiros pesos tomei, ali mesmo, um maravilhoso sorvete artesanal, me refresquei e fui pegar o metrô para cumprir a primeira etapa do meu roteiro.



Não cheguei a chorar quando dei de cara com o amplo palácio que, ainda hoje é a sede do governo. Mas, passados trinta e seis anos, as imagens do golpe militar mostradas ao mundo foram recuperadas na memória em poucos segundos. Ali Allende tinha sido massacrado, dali agora a Presidenta Michelle Bachelet, filha de outra vítima da ditadura, governa o Chile.




Fiquei olhando do lado de fora, tinha passado do horário de visita. Voltei dois dias depois, mas também não pude entrar porque meu passaporte tinha ficado no hotel. Daí voltei na sexta de manhã, esperando matar dois coelhos com uma cajadada só: visitar o interior do palácio e ver a troca de guarda.



Era uma multidão para assistir o ritual, que tem banda de música , cavalaria, fuzileiros e tudo o mais. Uma coisa que me impressionou: na praça em frente ao palácio, onde a multidão se acotovelava atrás de cavaletes de ferro, havia 10 mastros, todos eles com a mesma bandeira do Chile hasteada. Será que eles não acham necessária a política de boa vizinhança? Bem que nesse ato, no lugar de 10 bandeiras chilenas, poderiam estar as bandeiras dos 10 principais países da América do Sul. Me cheirou um pouco a arrogância. Não é à toa que o Chile não se alinha ao Mercosur, preferindo seguir uma política comercial independente. Será por medo de comprometer sua imagem com os governos populistas/assistencialistas que caracterizam parte desses paises? Em bom português, o Chile não tá nem aí para los hermanos pobres do continente sul-americano.



Depois de ter meu passaporte conferido nos mínimos detalhes,
e de uma revista básica, pude entrar nas dependências do
palácio, quer dizer, apenas nos dois pátios internos. Tudo
muito sóbrio, com uma fonte no centro e algumas esculturas
espalhadas no espaço fortemente vigiado pela guarda de
plantão. Qualquer movimento fora do programado, a pessoa
é logo advertida. Eu, por exemplo, sentei num degrau da escada buscando o melhor ângulo para fotografia e um dos
guardas me mandou levantar, dizendo que não era permitido.

Mas nem todos da guarda eram antipáticos. Essa aí ao lado não se fez de
rogada, fazendo caras e bocas a pedidos dos turistas que desejavam um recuerdo. Daí eu também fiz o jogo e fotografei a 'bela'. Se achando a coitada...







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