Outro dia vi Diego Hipólito fazendo um desabafo na tevê depois de sua vitória dupla na etapa de Glasgow da Copa do Mundo. Ele foi medalha de ouro na ginástica de solo e no salto, no entanto, está há oito meses sem receber salário. Qualquer país teria orgulho de seu medalhista e faria de tudo para que ele mantivesse essa posição, mas não os dirigentes da ginástica olímpica brasileira, disse Hipólito. Para que tanto esforço, se não sou reconhecido como atleta? Eu vivo disso, como eles acham que é possível sobreviver sem salário? Foram essas as perguntas que o ginasta deixou no ar, visivelmente contrariado.
A imagem me voltou à mente hoje, ao ler os comentários sobre o grande prêmio de Mônaco da Fórmula Um. A opinião pública brasileira não perdoa os atletas perdedores. É assim com todos os esportes. Diego Hipólito vem sendo desprezado depois que teve um desempenho aquém das expectativas nas Olimpíadas de Pequim. E Rubens Barrichelo, na minha opinião, é um dos desportistas mais injustiçados de todos os tempos. Desde o início da sua carreira, os órgãos de imprensa despejaram sobre ele as frustrações por ele não ter repetido o sucesso de Senna. Ninguém agüentou tanto deboche, e com tanta dignidade, como ele. Até de ‘pé de chinelo’ foi apelidado, tendo virado pesongem caricata nos programas humorísticos da Globo.
Entre os esportes praticados por Hipólito e Barrichelo, há uma distância enorme. No primeiro, o atleta só depende do seu desempenho, enquanto no segundo, além da habilidade do piloto, estão também em jogo os milhões de dólares envolvidos nas marcas, as escolhas das escuderias sobre quem deve vencer, os problemas mecânicos e o rendimento dos carros, as condições meteorológicas, os pneus, a sorte. Barrichelo mudou de marca, conseguiu um carro que rende mais, tem conseguido vitórias,(ainda tímidas, é verdade) e nessa temporada já subiu no pódio cinco vezes. E a imprensa continua ignorando seu esforço, quando não o desqualifica. Dá mais destaque aos iniciantes brasileiros Nelson Piquet e Filipe Massa, enquanto o inglês Jenson Button, companheiro de Rubinho na Brawn e 1º lugar no ranking, é colocado mais alto ainda do que o lugar que ele ocupa no pódio. Acho mesmo que Rubinho dificilmente vai obter reconhecimento. Mas o pessoal da imprensa podia pegar mais leve de vez em quando. Fiquei indignada quando li esta tarde no blog do repórter esportivo Juca Kfuri o post aí de baixo.
Hoje é o Dia da Tartaruga.
E do aniversário de Rubens Barrichelo, que completa 37 anos.
A piada é tão pronta que não custa lembrar: ele chegou em segundo lugar no GP de Mônaco hoje.
Felipe Massa, por exemplo, foi o quarto....
Lamentável! Acelera, Rubinho. E cala a boca dessa gente.
Apesar de entender pouco sobre os esportes citados, também tenho esse olhar quanto ao Rubinho. Acho que o que existe é muita injustiça, isso sim. Mas fico só nisso. Quanto ao seu post, achei interessante, forte. Gostei de verdade, Regina.
ResponderExcluirBom te ler novamente!!
Te vejo no Abralin?