
Em matéria de cinema, estou sempre atrasada. Só hoje consegui ver o Ensaio sobre a Cegueira, do premiadíssimo Fernando Meirelles. Elogiado por alguns, detonado por outros, o filme, na minha modesta opinião de espectadora comum, é, ao mesmo tempo, aterrador e tocante. Apostando numa linguagem simples e direta, mantém o ritmo na medida certa e prende a atenção do começo ao fim. Ao propor a discussão de uma temática tão contundente, Meirelles encontra soluções técnicas que aliviam a tensão, sem, contudo, afrouxar o discurso. Não li o texto de Saramago, por isso não posso avaliar se houve no filme um desvio maior do que a licença poética permite. Mas a julgar pelos comentários elogiosos do Nobel português à obra do diretor brasileiro, não houve exageros. Com a bela metáfora da cegueira, Meireles/Saramago expõe as vísceras dos seres ditos humanos, mostrando o nível de degradação a que chegaram (chegamos). Enfim, endosso o comentário feito por uma blogueira que não conheço, Denise, que disse que o filme de Meirelles “nos obriga a parar, fechar os olhos e ver. Recuperar a lucidez, resgatar o afeto”. Adorei o filme e o comentário!