domingo, fevereiro 7

Um carnaval à procura de identidade


Bem, estive assistindo pela tv uma ou outra escola capixaba desfilar. Vamos combinar, nos últimos cinco, seis anos, a apresentação das escolas passou de um amadorismo sofrível a um profissionalismo pretensioso. É louvável o esforço para melhorar o nível e fazer dos desfiles um espetáculo apresentável. Mas ainda tem muito chão pra caminhar. Vi muita gente que parecia ter sido pega no laço para desfilar, mais preocupada em fazer pose para a câmara ou dar adeusinho pros amigos na arquibancada, sem nem fingir que estava cantando o samba ou dando alguns passinhos. Desfile é alegria e diversão, mas não é brincadeira. Nosso carnaval tem história e os compositores da velha guarda, ritmistas e sambistas das comunidades merecem ser respeitados. Fiquei pensando se é justo importar carnavalescos e técnicos do carnaval de Parintins ou do Rio de Janeiro, como ocorreu este ano. Da mesma forma, vale a pena trazer porta-bandeira e mestre-sala cariocas para fazer evoluções sem nenhuma garra no Sambão do povo? E o que dizer dos destaques ‘estrangeiros’ que desfilavam as caras fantasias nos pobres carros alegóricos? Vale tudo pelo espetáculo? E mais: ouvi dizer que até os sambas-enredo estão ganhando um tempero carioca. Isso, segundo o informante, profundo conhecedor do mundo do samba capixaba, descaracteriza as escolas, anula sua marca registrada. Conclusão: se as escolas não tomarem cuidado, muito em breve vão se transformar em sucursais das escolas cariocas. Isso, aliado à praga dos trios elétricos que há algum tempo animam as multidões nas principais praias do Estado, dá bem a medida da crise de identidade do carnaval capixaba, perdido entre a cariocarização e a baianização. Onde é que isso vai acabar?
foto: gazetaonline

Um comentário:

  1. O Grande problema é que o Rio virou uma referência não só nacional, mas mundial também. Aí, o que falar dos capixabas? Capixabas, hã?

    Fora que as escolas desse ano fizeram cada coisa que não merecia mesmo ter o prestígio carioca. Sem dúvida, temos muito o que aprender e muito do que nos orgulhar, nos orgulhar como capixabas.

    P.s.: voltei, mas já estou (re)arrumando as malas. Até mais!

    ResponderExcluir