Não sou do tipo noveleira, mas passei a seguir o caminho das índias depois que já tinha ido ao ar cerca de 60%. Ver do início decididamente não tenho paciência. De um modo geral, as novelas da Globo são muito previsíveis, basta conhecer as tendências do autor. Além disso, as personagens vão sofrendo transformações e o enredo vai mudando ao sabor do Ibope e da empatia que as personagens conseguem estabelecer com o público. Não deu outra na novela indiana. Gloria Perez construiu uma história pretensiosa, com um elenco de atores do primeiro time da Globo e muitas histórias paralelas, que não chegaram a ser minimamente desenvolvidas. Quanto talento desperdiçado! Por isso mesmo alguns atores manifestaram sua insatisfação por terem desempenhado papéis que não estavam a altura do seu cacife na emissora. Lembro de ter lido uma reclamação de Danton Mello, que estava sempre mudo em cena. Outros tiveram mais sorte, mas diziam sempre as mesmas falas sempre que apareciam, por exemplo, atores experientes como Flávio Migliaccio e José de Abreu. Mas quem deve estar mesmo muito incomodado com a situação é o ótimo Márcio Garcia. Protagonista, junto com Juliana Paes e Rodrigo Lombardi, acabou ficando em segundo plano e, durante muitos capítulos, não deu sinal de vida. Tudo porque o casal Maya/Raj caiu nas graças do público. Dei uma olhada nos comentários nos sites da novela: a torcida para que o apatetado Raj perdoe Maya e sejam felizes para sempre é enorme. Pelos boatos, para não ter que fazer isso, ele vai morrer no final. E, claro, Bahuan vai impedir que a dissimulada Maya se afogue no Ganges.
Marcio Garcia não precisa fazer caras e bocas para interpretar, como o sem graça Lombardi, e se saiu muito bem no papel do atormentado e ambicioso Bahuan. Mas nem por milagre vai terminar a novela com os louros que merece. Para quem deixou o posto de “O melhor do Brasil”, na Record, para voltar à Globo com a promessa de viver um protagonista no horário nobre, não deixa de ser um banho de água fria.
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