segunda-feira, setembro 20

Sarah salvação



Sarah diz que gosta. Eu gosto que Sarah goste.
Sarah ri com as bobagens. Eu gosto de fazer Sarah rir.
Sarah lê, opina, faz piada. Eu adoro receber comentário de Sarah.
Sarah sara minhas dores e alegra minha tristeza.
Um escriba sem leitores tem utilidade não.
Então seria Sarah minha salvação?

domingo, setembro 19

A beleza e a miséria

Por causa desta foto aí em cima quase levei porrada, acredite se quiser.Era um domingo de sol belíssimo, havia dezenas de ônibus de turistas estacionados nas redondezas da Casa Rosada e da Plaza de Mayo. Cada movimento era um flash. Impossível tirar uma foto sem a participação de penetras no ângulo escolhido. Foi aí que avistei a cena perfeita: no meio da praça, numa espécie de tanque, indiferentes ao sol e ao barulho das pessoas circulando, três homens dormiam tranquilamente. De repente ouço alguém me interpelando: Señora, usted no tiene que sacar fotos a esto, fotografe la belleza de Buenos Aires e no la miséria. Isso aos berros, tanto que juntou gente para saber o que estava acontecendo. Eu, muito atrevida, respondi no mesmo tom: Eu fotografo o que eu quiser e você não tem nada com isso. Eu quero registrar é a miséria mesmo. O fanático argentino continuou praguejando, enquanto eu também fotografava as faixas afixadas por toda parte na praça, testemunhas de que os adversários políticos do casal Kirchner não dão trégua. Felizmente a multidão estava ali a me proteger. Se não, talvez o brutamontes tivesse arriscado a me tomar a câmara na marra.

segunda-feira, setembro 13

Mas nem tudo são flores...

Da crise econômica em que se viu enredada no final dos anos 90, a Argentina não conseguiu se livrar até o presente. Dívida externa, desemprego, baixos salários, custo de vida alto para os padrões dos trabalhadores. No entanto, pode-se passear tranquilamente pelas ruas, nenhum pivete arranca sua bolsa e sai correndo nem ninguém encosta um tresoitão na sua nuca pedindo o celular, o relógio e toda a grana. Mas numa coisa temos que ficar de olhos bem abertos: com o dinheiro bloqueado e sendo liberado a conta-gotas pros donos, a solução encontrada por quadrilhas foi fabricar sua própria grana, independente da vontade da Casa da Moeda argentina. Assim, criou-se uma cultura de falsários. Muitos pesos falsos, iguais aos verdadeiros, com marca d’água, detalhes prateadinhos e tudo o mais são repassados por taxistas e comerciantes na maior tranqüilidade. Pagou com uma nota de cem, o troco pode vir com uma nota de 50 fake, as mais fáceis de passar. E a falsificação não é só de pesos não, também há dólares made in Argentina circulando. Por isso a turistada brasileira prefere pagar as compras com reais mesmo ou com cartão de crédito. É mais seguro e evita aquela cara de “o que é que eu faço agora?”. Obviamente a única coisa a fazer é ouvir um tango argentino.


Aí em cima a nota que esta vítima recebeu de algum espertinho portenho, igualzinha à verdadeira; a única diferença é o papel: passando a mão se percebe que é fotocópia, me explicou um senhor honesto. Pode?

domingo, setembro 12

'Bora comprar!















A disputa entre argentinos e brasileiros é antiga e não se resume aos assuntos futebolísticos, como se sabe. Queira ou não queira, a Argentina tem que aceitar o fato de sua extensão territorial ser três vezes menor que a nossa, o que nos dá certa vantagem. Por outro lado, ela apresenta outros indicadores que são de nos matar de inveja: letramento e cultura, por exemplo. O turista brasileiro mais desavisado deve se perguntar por que razão há tantas livrarias no centro de Buenos Aires e por que ficam abertas até as 10 horas da noite, inclusive aos domingos. Um luxo, não? Além disso, não dá para não admitir que a mais européia das capitais da América do Sul é uma cidade linda e confortável, com suas largas avenidas, trânsito organizado, parques e praças por toda parte. Vale a pena conhecer também os bairros de Palermo, Recoleta e San Telmo, onde estão os melhores condomínios e casas, e os monumentos históricos da cidade, desde a Casa Rosada, sede do governo, passando pelo Teatro Colón, Obelisco, Praça de Mayo, Torre Monumental, Congresso Nacional, museus e também o mais importante ponto turístico para os brasileiros: a Galeria Pacífico, a catedral do consumo, no coração da famosa calle Florida. Aí é só comprar, comprar, comprar. Tudo muito barato, já que dois pesos valem um real. Está entendido por que os brasileiros aproveitaram a festa da Independência para invadir Buenos Aires? Eu também estava lá, mas meu objetivo era só relaxar.

sábado, setembro 11

Buenos Aires, capital do Brasil

Pelo menos nesta segunda semana de setembro, a capital federal, como se referem os orgulhosos argentinos a Buenos Aires, estava mais para capital brasileira, para felicidade da indústria hoteleira e do comércio local. Pelas ruas, o português brasileiro com seus vários sotaques nordestinos, carioca, paulista, mineiro e outros fazia concorrência com a fala corrida dos portenhos. Nas lojas, à pergunta “quanto custa” os vendedores respondiam primeiro em reais, “apenas tantos reais”. Nos restaurantes, podia-se reconhecer os brasileiros de longe - os grupos que estivessem falando e rindo mais alto, satisfeitos por pagarem tão barato por uma carne de primeira com batatas fritas. É, arroz e feijão não tem, mas aí já seria perfeição de mais, né? Os argentinos são pacientes com a falta de educação dos brasileiros, afinal está entrando dinheiro. Mas agir como se estivessem na casa da mãe Joana, francamente, isso é coisa de marinheiro de primeira viagem, que está se achando só porque cruzou a fronteira. Me poupem.

I'm back

Estou de volta pro meu aconchego/ trazendo na mala bastante saudade/querendo um sorriso sincero, um abraço/ pra aliviar meu cansaço/ e toda essa vontade...