terça-feira, janeiro 25
Viajar é preciso, viver também é preciso...
Apreciar paisagens e sabores desconhecidos, entrar na intimidade de outra cultura, conhecer pessoas e aprender com as diferenças. Viajar é muito bom. Quando temos que usar uma língua diferente da materna para nos comunicar, então, é excitante. Por isso quando vai chegando a metade do mês de janeiro, começo a imaginar onde o bolso pode me levar para o descanso da guerreira. O simples fato de pensar num período, por menor que seja, fora de casa e do trabalho, sem compromisso com nada além do lazer e do divertimento, já faz acender uma luzinha verde. Quem não gosta de férias? Já houve um tempo no Brasil em que os trabalhadores podiam “vender” metade de suas férias, a lei permitia. Com isso, folgavam 15 dias e trabalhavam os outros 15, recebendo o equivalente em dinheiro. Demoraram para aprender a importância do lazer na recuperação do desgaste físico e psíquico provocado por 40 horas semanais de trabalho. Não me recordo se cheguei alguma vez a fazer essa bobagem, movida, como todos, pela necessidade de dinheiro extra. Mas agora não trocaria dias de descanso nem pelo dobro do salário. Vai daí que estou vivendo o frisson do planejamento da minha viagem de férias. Pesquisa pela internet para elaborar roteiro turístico, reserva de voo, procura de hotel, a ansiedade renovada. Uma vez mais, vou por lugares nunca dantes navegados. O destino não conto agora, só pra atiçar a curiosidade da minha meia dúzia de leitores. Quem tem um palpite aí, levanta a mão.
quarta-feira, janeiro 19
CHULEPA
A arte imita a vida? Muitos apostam que é exatamente o contrário, a vida é que imita a arte, daí a polêmica provocada por Passione, novela de Silvio de Abreu que terminou na semana passada. As opiniões divergentes têm a ver com as relações familiares e os relacionamentos amorosos que rolaram na telinha. Alguns telespectadores acham que o autor errou na dose, que a novela pode estimular a dissolução dos costumes. Já outros alegam que tudo o que aparece na novela existe na vida real. Não me interessa aqui entrar no mérito dessa discussão. Nem analisar a trama, as personagens e muito menos a atuação dos atores. Quero comentar apenas a questão linguística da história. No início houve reclamação de muitos telespectadores que não entendiam lhufas do portuliano que o núcleo italiano usava o para se comunicar. Silvio de Abreu recheava as falas dos camponeses toscanos com inúmeros palavrões. Uma amiga italiana estranhou a vulgaridade dessas falas, com tantas “palavras pesadas”, ao que respondi que não tinha nenhuma importância, já que era reduzido o número de brasileiros que estavam entendendo. Mas o autor se esmerou mesmo foi na escolha dos nomes dados às personagens. Dos que vieram da Toscana, destaco Totò, diminutivo de Antônio, mas que no Brasil é nome de cachorro. Causou certa estranheza. Na mesma linha, havia Mimi, apelido dado a Carmelo, que na nossa cultura é nome de bichano. Depois tinha a matriarca Gemma, que implicava continuamente com a schifosa Chiara, faltando pouco pra essa antipatia virar uma bela omelete (desculpem, não resisti!). Os filhos de Totò, todos com nomes iniciados pela letra A, também foram alvo das brincadeiras de Silvio de Abreu. Vamos conferir: Adamo (Adão, em português), primeiro filho (homem), significa amante ardente (com aquela cara?); Agnelo não é nome de gente na Itália; designa o animal cordeiro. Tomado como metáfora, contradiz o comportamento rebelde do rapaz; Alfredo significa conselheiro, pessoa sempre disposta a ajudar amigos e resolver problemas íntimos, o que se encaixa perfeitamente no temperamento do caçula dos Mattoli ; por fim, Agostina, que deve significar nascida no mês de agosto, para nós, mês do desgosto (desgosto por ter que dividir o marido com outra mulher?). Ah, sim, o bígamo Berillo (a designação existe em português: Berilo é o nome de um mineral, amálgama de silicato de berílio e alumínio, de grande dureza e resistência... Tem a ver?).
Mas não são apenas os nomes dos italianos que revelam trocadilhos. No núcleo pobre a brincadeira está em Felícia (=feliz, boa, generosa) e sua filha Fátima (=pessoa que sabe ouvir a intuição e não se prende a regras ultrapassadas). Entre os emergentes não poderia faltar uma família Silva, como que reforçando a tese de que um pobre pode “chegar lá”, seja reciclando lixo – Olavo (=sobrevivente) da Silva – ou com um golpe de sorte – Fortunato (= sortudo) da Silva (ou, quem sabe, como torneiro mecânico?). Outras análises poderão, talvez, descobrir novas relações significado/personalidade, mas um nome em especial me despertou curiosidade -- o do namorado da patricinha Lorena Gouveia, a qual perdeu Agnelo para a mãe. Como prêmio de consolação (eu disse prêmio?), recebeu um rapaz sem nome nem sobrenome, conhecido apenas como Chulepa. Essa charada eu não matei. Alguém aí pode me explicar o que isso quer dizer?
Mas não são apenas os nomes dos italianos que revelam trocadilhos. No núcleo pobre a brincadeira está em Felícia (=feliz, boa, generosa) e sua filha Fátima (=pessoa que sabe ouvir a intuição e não se prende a regras ultrapassadas). Entre os emergentes não poderia faltar uma família Silva, como que reforçando a tese de que um pobre pode “chegar lá”, seja reciclando lixo – Olavo (=sobrevivente) da Silva – ou com um golpe de sorte – Fortunato (= sortudo) da Silva (ou, quem sabe, como torneiro mecânico?). Outras análises poderão, talvez, descobrir novas relações significado/personalidade, mas um nome em especial me despertou curiosidade -- o do namorado da patricinha Lorena Gouveia, a qual perdeu Agnelo para a mãe. Como prêmio de consolação (eu disse prêmio?), recebeu um rapaz sem nome nem sobrenome, conhecido apenas como Chulepa. Essa charada eu não matei. Alguém aí pode me explicar o que isso quer dizer?
domingo, janeiro 16
PÕE MEIA DÚZIA DE BRAHMA PRA GELAR, QUE EU TÔ VOLTANDO...
BASTA! Quase cinco meses fora do ar! Parou por quê, por que parou? me perguntou outro dia um leitor. Deixou de pensar ou é preguiça mesmo? Acho que esses altos e baixos acontecem nas melhores famílias de blogueiros, mas talvez o Twitter tenha alguma culpa no cartório. Depois dele, nos habituamos a pensar que a rapidez dos 140 dígitos é suficiente para a comunicação e mais que isso é perda de tempo. Pensamento equivocado, claro. Mas a bem da verdade devo dizer que a campanha política me sugou grande parte das energias e me perdi nas tuitadas porque era lá mesmo que a discussão acontecia. Depois veio outra coisa, mais outra e larguei mão. Mas a cada dia que olhava o nome do blog nos favoritos, a consciência pesava: vinha a lembrança da promessa feita ao inaugurá-lo, que era resistir a mil e uma noites, como Sherazade. Por isso digo ao povo que VOLTO. E bato ponto pelo menos uma vez por semana. Não falarei das enchentes que devastaram a linda região serrana do Rio e regiões de São Paulo e Minas Gerais em particular. As imagens dessa tragédia falam por si sós e dispensam comentários. Não esperem tampouco que eu comente o deplorável BBB, aí seria preferível me calar para sempre. A respeito de Passisone, porém, com sua serial Killer que pôs todo mundo no bolso – parentes, comparsas, polícia e justiça - gostaria de dizer algumas palavras. Mas isso é assunto para o próximo capítulo. Me aguardem.
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