domingo, outubro 18

ZAP, ZAP...





Outro dia, numa dessas leituras exploratórias em busca de algum texto que pudesse estimular o interesse mais imediato de meus alunos, encontrei um conto de Moacyr Scliar muito bem escrito e, de quebra, pungente, que acabou provocando algumas reflexões sobre minha relação com a televisão. O conto se chama Zap e relata o hábito de um pré-adolescente de ficar mudando constantemente de canal. A cada propaganda que não interessa, a cada programa maçante, novela enfadonha ou não, desenho repetido pela centésima vez no ano, ele vai mudando de canal, tentando encontrar algo que corresponda à sua expectativa no momento. O menino não é o único amigo íntimo do controle remoto da TV, como se sabe. Tanto que se criou o verbo zapear, de uso comum nas conversas sobre programas televisivos. Confesso que me vi na figura do menino. Vejo pouco televisão e, quando vejo, estou sempre zapeando. Não tenho muita paciência para reality show, games, assistencialismos que rendem muitas lágrimas e alta audiência, apresentadores que não falam mais que os entrevistados e apresentadoras louras (já perceberam que são todas louras?). Mas há coisas interessantes, basta saber procurar, me dizem amigos e parentes. É bem provável que sim, admito que eu é que não sou muito paciente. Além disso minhas opções resumem-se aos canais abertos, não tenho assinatura dos pagos porque o número de vezes que me sentaria diante da tela não compensaria o preço cobrado. Não pensem, porém, que minha antipatia por esse veículo chega às raias da intolerância. Não, até que gosto de sintonizar os jornais na hora do almoço. São um santo remédio: depois de comer, é só esticar o corpo no sofá da sala e fechar os olhos. Não há soneca melhor e mais revigorante. Com sorte, acordo em tempo de ouvir o convite dos apresentadores para o dia seguinte.

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